GURUMÊ TIJUCA

Esta é a uma das lojas do restaurante Gurumê, especializado na culinária japonesa. O nome é uma variação despojada da palavra “gourmet” e sugere um ambiente de sofisticação e simplicidade. O projeto busca traduzir o conceito do empreendimento.

O salão possui duas mesas coletivas com desenho sinuoso que estimula a interação entre as pessoas. Na lateral, um túnel de madeira, tem caráter mais intimista, com mesas de dois ou quatro lugares. O túnel é estruturado através de uma sucessão de pórticos que definem sua geometria, e é revestido por ripas de madeira cumaru. Ao fundo está localizado o sushi bar, com bancada em corian, de onde se pode observar a preparação dos pratos.

Os principais materiais de revestimento – o cobre oxidado e a madeira – foram escolhidos devido à inspiração no universo da pesca e na ação do tempo nos materiais utilizados em barcos e navios. Os ladrilhos hidráulicos utilizados no piso são feitos artesanalmente e garantem a neutralidade necessária para que os tons de madeira e os tons esverdeados do cobre sejam destacados.

CASA POA

A Casa POA desenvolve-se em três níveis escalonados interligados por uma grande escada em madeira que se apoia sobre o perfil natural do terreno. O nível de acesso abriga o escritório e sala de ginástica localizados ao fundo do terreno, além das dependências de serviço e garagem. O pavimento intermediário abriga o setor social (sala de estar, cozinha, jardim, piscina) e duas suítes. O pavimento superior abriga a suíte master.

Nos três pavimentos, a circulação está concentrada entre duas empenas de concreto aparente que evidenciam a materialidade e atmosfera da casa. Os níveis são articulados pela escada em madeira. No nível intermediário, a circulação ganha pé direito duplo e a empena de concreto ganha rasgos que deixam entrever o jardim. A sala pode ser completamente integrada ao jardim com a abertura total das esquadrias piso-teto.

As fachadas norte (tanto a principal quanto a fachada do bloco que abriga as suítes) são protegidas por brises verticais de madeira, que são a continuação dos caibros da estrutura aparente da cobertura. Os brise-soleils em conjunto com a jardineira e as esquadrias de vidro funcionam como filtros para a insolação e garantem privacidade.

APT ÁGUA

O projeto desta cobertura em Ipanema foi desenvolvido como uma casa suspensa, ao repensar o conceito e escala tradicionais de um apartamento. Debruçado sobre o mar e com vista ao morro Dois Irmãos, os clientes, colecionadores de arte, nos solicitaram que houvesse certa conexão visual a praia. A partir disso, os limites físicos das áreas sociais do apartamento foram diluídos através de esquadrias de alumínio e vidro, responsáveis pela integração do living com a ampla varanda, que recoberta em deck tom areia, áreas ajardinadas e vista ao azul do horizonte, traz a sensação de se estar na praia.

Em um eixo único, são dispostas as salas de estar e jantar, estar externo e espaço gourmet, escritório, e varanda. Para quebrar a rigidez da massa construída e permitir que estes espaços ganhassem o caráter de áreas de lazer, foram pensados num jogo de cheios e vazios, de maneira que a porção central (estar externo e área gourmet) é interrompida pelos panos de vidro e aberta para a varanda, recebendo cobertura de vidro.

Nos interiores, as superfícies dos espaços sociais são revestidas em materiais naturais, criando embasamento neutro às obras de arte da coleção particular dos clientes, que trazem cor e vivacidade. Destaca-se no estar a poltrona Gaivota de Ricardo Fasanello e bancos Magrini e Mocho de Sérgio Rodrigues. O estofado de alguns dos mobiliários é revestido com tecidos em cores especialmente selecionadas de algumas das telas, como as poltronas Circle de Hans Wegner, trazendo o despojamento de uma casa de praia. No jantar, a mesa é composta por dez cadeiras Anel de Fasanello.

Todas as paredes do escritório são revestidas por folhas de madeira e um painel de correr esconde a TV.

Os espaços cobertos recebem piso de madeira com o mesmo alinhamento do deck externo, separados pela grelha linear do ralo em acabamento escovado. Nas extremidades da varanda, o piso é rebaixado a alguns centímetros e recoberto em placas de pedra, transformados em espelhos d’água (que dá origem ao nome do apartamento). Na lateral direita, próxima ao escritório, são dispostas espreguiçadeiras, enquanto na porção oposta, uma área com mesa de café da manhã privativa à suíte master.

Junto ao lazer, o apartamento também é provido de sala de massagem, sauna, academia e piscina.

Na porção oeste, estão resguarda as áreas íntimas (quatro suítes, incluindo suíte máster com closet e banheiros individuais) e um segundo escritório. As nuances do mar e clima praiano também são conduzidas aos tecidos dos dormitórios.

Enquanto isso, como um véu a resguardar os ambientes da insolação direta e assegurar privacidade, a fachada norte é protegida por uma extensa treliça de madeira e áreas ajardinadas, com paisagismo assinado por Isabel Duprat, reforçando a ideia de casa.

INSTITUTO BRINCANTE

A Bernardes Arquitetura mobilizada pelo convite feito pelo instituto Alana em 2015, se juntou à instituição para projetar um novo espaço para o Instituto Brincante. A nova sede ocupa uma área bastante reduzida, localizada exatamente ao lado do antigo galpão sede. O terreno de 320 m² e o orçamento fixo atenderam a um programa com auditório para cerca de 80 pessoas, sala de ensaios, espaço para armazenamento de instrumentos, figurinos e adereços, área administrativa e espaços de apoio.

O partido arquitetônico adotado privilegia a comunicação direta do edifício com a rua e o bairro que acolhe o Instituto por décadas, a Vila Madalena. No nível da rua, a transição entre espaço público e privado se dá por brises verticais de madeira espaçados que buscam convidar o olhar público à constante construção cultural do Instituto. O acesso acontece por uma pequena praça onde o público encontra a bilheteria, que pode funcionar também como bar nos dias de eventos e, ao lado direito do lote, o túnel de acesso ao palco do auditório. O eixo principal de circulação acontece pela escada helicoidal situada na lateral esquerda do lote. Trata-se de uma conexão vertical externa que liga os três níveis: térreo, mezanino e pavimento superior.

O mezanino é ao mesmo tempo área de transição e permanência ligada ao auditório. Serve também como uma ampliação do foyer do térreo, permitindo um acesso direto ao nível superior da arquibancada e à uma passarela criada sobre a área do palco, com intenção de ampliar a capacidade do auditório, possibilitar intervenções artísticas em dois planos e conectar-se ao jardim que está na parte posterior do palco.

No último pavimento temos sala de reunião, escritório, copa, vestiário, além da sala multiuso que é iluminada por um grande pano de vidro, parcialmente protegido pelo brise em madeira e pela esquadria da cobertura em shed. Ressalta-se, por fim, que através da comunicação visual direta da nova sede do Brincante com a rua, pode ser expresso o diálogo formal possível entre o local da representação do mundo (palco) e o de sua apreensão (rua, bairro, cidade).

 

HOTEL FASANO ANGRA DOS REIS + FRAD.E

APT AH

Neste apartamento duplex em São Paulo, a reforma e projeto de interiores buscou estratégias que unissem os ambientes sociais e os conectassem visualmente ao piso superior. O living tem suas paredes revestidas em painéis de madeira e piso em mármore, criando uma base com materiais naturais que recebem peças icônicas do design moderno brasileiro, responsáveis pela setorização de cada um dos espaços.

Ao centro, a sala de estar é composta pelas poltronas Dinamarquesa e banco Onda de Jorge Zalszupin, em harmonia a peças decorativas garimpadas em antiquários junto ao cliente. Sobre este espaço, um rasgo na laje do primeiro pavimento propicia o pé direito duplo e visadas estratégicas a partir dos dormitórios, protegidos por aletas metálicas pivotantes.

Na porção lateral esquerda, a sala de estar acomoda até oito pessoas nas cadeiras Layla do designer Carlos Motta, e sobre a mesa o pendente Jabuticaba com acabamento em cobre, da designer Ana Neute. Enquanto isso, na porção oposta, uma segunda sala de estar, mais íntima, recebe um sofá curvo em composição a mesa de centro Noguchi do designer Isamu Noguchi. Vale destacar que outras peças garimpadas são distribuídas pelas superfícies das paredes e piso.

Revestida na mesma pedra e madeira do térreo, a escada e paredes laterais também recebem obras de arte. Na passarela que conecta as duas alas, o rasgo na laje por sua vez oportuniza uma projeção sem acesso direto e fechamento vertical em vidro, como base para esculturas. Nas extremidades, estão as suítes master, do filho e de hóspedes.