CASA RMA

Como um refúgio a poucos quilômetros da capital paulistana, o projeto para esta residência de veraneio na região litorânea, foi idealizado buscando promover a maior privacidade e desfrute de seus espaços. Com isso em mente, ao mesmo tempo influenciados pelas condicionantes geográficas do lote, a implantação em “L” oportuniza um pátio central que beneficia seus interiores do melhor aproveitamento da iluminação e ventilação natural. Ao centro, são acomodados o jardim, solário e piscina, favorecidos pela orientação solar.

À sombra da cobertura inclinada, o programa é distribuído a partir de uma clara setorização: no sentido norte-sul do pavimento térreo é acomodado o living de pé direito duplo; enquanto no volume oposto, perpendicular às salas de estar e jantar, estão os espaços de serviço – cozinha, lavanderia, lavabo, e três suítes de apoio, com aberturas no sentido leste-oeste. Esse volume é integralmente revestido por painéis em réguas de madeira, que mimetiza as portas de acesso e brises pivotantes dos banheiros das suítes de hóspedes.

Uma escada em granito que corta o volume de serviços, conecta os dois pavimentos. No piso superior está a sala da família, aberta ao living, e três suítes com vistas defronte ao jardim principal.

Estruturalmente materializada em aço, nesta residência priorizamos a integração e conforto térmico através de decisões projetuais tais como: adoção de amplos caixilhos de vidro para transparência e constantes trocas de ar; permeabilidade dos fechamentos – painéis treliçados de madeira que atenuam a luz solar ao longo de toda a galeria de circulação; brises na fachada dos quartos; além da continuidade do piso em todos os ambientes.

Os interiores buscam traduzir os conceitos de aconchego e leveza. No living, ainda que com vãos modestos e pé direito duplo, a presença constante da madeira – presente nos painéis e forro – aquece visualmente o espaço, enquanto cria uma escala mais palatável aos moradores. O piso e volume da lareira tem suas superfícies revestidas em placas de granito Branco Siena. No mobiliário soma-se estofados em linho, peças de design assinado (a exemplo da poltrona Mandacaru, assinada por Baba Vaccaro, e John Graz, com desenho do designer de mesmo nome), e outras desenhadas pela equipe da Bernardes Arquitetura especialmente ao projeto, como as mesas de centro com tampo em peças cerâmicas. A composição também recebe móveis garimpados e elementos artesanais. No jantar, a mesa em madeira é composta pelas cadeiras Rio, de Carlos Motta, e aparador em pedra desenvolvido por nossa equipe de interiores.

Nesse espaço, os brises em madeira são posicionados apenas na zona inferior da fachada norte, coreografando a luz que adentra o espaço. Os vidros podem ser completamente recolhidos nas duas fachadas, permitindo que haja ventilação cruzada.

A partir do mezanino, a disposição do espaço de convívio voltado em direção ao living somado a estratégica inclinação da cobertura e fechamentos em vidro na porção superior das três fachadas, direciona a vista dos moradores à mata circundante que abraça a residência. A sala de TV é orientada ao sentido oposto, que tem sua luminosidade resguardada a partir de um inteligente sistema de fechamentos da fachada lateral com painéis em zigue-zague, de maneira que em cada uma das faces alternadas, esbeltas aberturas em folhas de vidro são aplicadas, preservando o controle da entrada de luz, mas permitindo a circulação de ar.

A paleta de materiais dos dormitórios segue aquela aplicada nos demais ambientes, prevalecendo o uso da madeira – forro, painéis, mobiliário e acessórios. Os banheiros podem ser integrados ao restante do quarto através de brises pivotantes que oferecem uma vista de dentro para fora.

No jardim, o perímetro da piscina é definido por linhas curvas que remete as naturais. Nas bordas e áreas caminháveis, placas irregulares de pedra são justapostas, envolvida pela tropicalidade do paisagismo assinado em parceria com Jundu Paisagismo.

CASA MLC

RESIDENCIAL CANTO DA LAGOA

Em nossa proposta para este empreendimento residencial em Florianópolis, Santa Catarina, buscamos preservar a paisagem original do amplo terreno defronte a lagoa, minimizando o impacto na topografia, na vegetação e no visual do entorno. Para tanto, tendo a natureza como protagonista, o espaço foi pensado com escalas de caráter coletivo, ao mesmo tempo em que considera a privacidade individual de cada unidade e a maior integração possível com o verde e a água.

Indo na contramão dos tradicionais condomínios de apartamentos com torres multifachadas, tivemos como premissa a idealização de uma vila vertical, como casas suspensas abraçadas pela vegetação. Nesse sentido, asseguramos que cada célula habitacional tivesse a sua vista em direção a lagoa e que todos os apartamentos contassem com terraços de acesso à área verde – alguns um grande quintal – tanto no nível do térreo como nos pavimentos superiores.

Neste empreendimento de 13.192 metros quadrados de área construída, optamos por empregar materiais que tivessem o significado intimamente ligado à sua função na edificação, posicionamento em que irá residir, e ao papel que desempenhará. Para tanto, os volumes do embasamento são em pedra, que trabalha como um alicerce para que os blocos das unidades acima, revestidos por sua vez com uma pele modular cimentícia, tragam horizontalidade e leveza para o conjunto. A definição desses materiais, envoltos pelo cintamento em concreto aparente das vigas e bordas dos terraços, delineiam a transição entre o bruto e o arrojado, da base ao topo. A madeira aplicada na fachada através dos brises vem como um elemento que aquece e ao mesmo tempo traz a referência da natureza presente em seu entorno.

Tendo a vista como protagonista, trabalhamos com geometrias puras da arquitetura em meio às formas orgânicas da natureza, que apesar de soar contrastante, destaca o verde, emoldurando-a. Planos horizontais das delgadas coberturas nos topos dos blocos e o contraste dos cheios e vazios nas fachadas, proporcionados pelos volumes dos terraços cobertos e painéis envidraçados, reforçam a horizontalidade da obra, como se a arquitetura recompusesse a topografia original do terreno.

A cadência das modulações e ripados na fachada trazem uma escala mais palatável da arquitetura ao residente, juntamente à proporção dos blocos e pés-direitos nos acessos.  Não se buscou a monumentalidade, mas sim uma implantação “silenciosa” em meio a deslumbrante panorâmica.

O grande elo de conexão entre os volumes e os espaços criados se dá através da costura que o projeto paisagístico desenvolvido em parceria com JA8 Paisagismo, exerce entre a arquitetura e a paisagem. Desta forma a integração entre a edificação e o entorno se dão como um resultado natural, sem rupturas, mas sim como uma boa conversa.

CASA EB

Construída em um bairro paulistano predominantemente residencial, esta casa tem seu programa distribuído em dois pavimentos e subsolo. O projeto foi organizado em torno de um pátio central abraçado pelo “L” da implantação, definido a partir da sobreposição de dois volumes trapezoidais.

No pavimento térreo estão dispostos os espaços de estar (sala de estar e jantar, área gourmet, sala de TV e escritório) e serviços (cozinha e copa). Demarcando a entrada da residência, uma pérgola de madeira laminada colada e coberta por vidro protege os moradores do sol e chuva.

Na parede principal do living foi desenvolvido um generoso painel que não toca o piso, com fechamento em vidro na área central, parecendo flutuar no espaço e responsável por acomodar as obras de arte. A superfície, assim como as demais paredes, é revestida em pedra, de modo que as telas assumem o protagonismo.

Integrando as áreas sociais, todos os espaços são unidos em um eixo contínuo com aberturas voltadas ao jardim. O escritório pode ser fechado a partir de um conjunto de painéis de correr. No mobiliário do estar, destaca-se clássicos do design brasileiro, como os bancos Pênsil, de Etel Carmona, e poltronas Cubo, de Jorge Zalszupin.

O projeto de paisagismo de Isabel Duprat cujo traçado contrapõe linhas orgânicas à rigidez da arquitetura, envolve as áreas livres com zonas de lazer e a piscina.

No primeiro pavimento estão as suítes, além de uma sala da família e área de serviço com acesso independente.

O embasamento bruto do piso inferior é contraposto na escolha dos materiais da fachada superior, de maneira que os brises de vidro translúcido sobre a face com vista para o jardim, são amparados por duas bandejas que também cumprem o papel de beiral. Detalhados pela Bernardes Arquitetura, estes funcionam ora como quebra-sol, ora como janelas dos dormitórios. Na fachada oposta e com frente para a rua, o beiral dá lugar a uma jardineira linear, trazendo o verde ao interior.

VILLAS FASANO

As Villas se destacam pela relação harmoniosa com a paisagem natural.

Enquanto o térreo e as áreas de lazer se integram completamente ao seu entorno, os espaços íntimos da casa estão resguardados em um pavilhão elevado, oferecendo uma perspectiva ampliada do horizonte.
A implantação em formato de cruz é definidora dos dois pavilhões que distribuem todo o programa da casa. No pavilhão inferior, o eixo que se estende em direção à praia é caracterizado pela solidez do concreto pigmentado e abriga os ambientes sociais e de serviço. No andar superior, a leveza dos brises em madeira garante a privacidade dos quartos ao mesmo tempo que promove a integração da construção na paisagem.

O sistema estrutural em MLC (Madeira Laminada Colada), além de garantir uma obra limpa e mais rápida, une uma solução moderna com um material comum a arquitetura local, a madeira.
Mobiliários e objetos de artistas locais compõem os ambientes junto a designs de Carlos Motta, José Zanine Caldas, o Ebanista e peças autorais especialmente desenhadas pelo escritório Bernardes Arquitetura para o projeto.

TORRE CIDADE JARDIM

Convidados para um concurso fechado ao desenvolvimento de um empreendimento de uso misto, promovido por uma incorporadora bastante conhecida na cidade de São Paulo e com quem já havíamos trabalhado anteriormente, esta ocasião representou uma grande oportunidade para a Bernardes Arquitetura.

Proposto para um lote no ponto de convergência de dois dos principais eixos de negócios de São Paulo, as avenidas Brigadeiro Faria Lima e Luís Carlos Berrini e o bairro residencial Cidade Jardim, a Torre Cidade Jardim une espaços comercial, corporativo e residencial, distribuídos em 37 pavimentos que privilegiam o skyline da cidade.

A posição intermediária da torre entre os arranha-céus e blocos habitacionais exigia uma tipologia de transição que mesclava as escalas monumentais e de baixo gabarito de seus arredores em um único edifício. Aproveitando a situação urbana privilegiada, uma praça pública é criada na borda mais curta do lote, dando acesso à entrada principal do centro de negócios e conectando as ruas adjacentes ao local.

Um dos questionamentos da equipe da Bernardes Arquitetura era como introduzir a torre de 115 metros de altura de maneira silenciosa sobre a paisagem e, sobretudo, no eixo urbano que ainda passa por transformações. Com isso em mente, optou-se por fragmentar os diferentes programas em quatro volumes sobrepostos, de maneira que cada massa em seção trapezoidal e vértices arredondados é moldada com dimensões inferiores à medida que é elevada, como um efeito cascata que torna a transição fluída. Entre cada uma, áreas de uso comum são criadas a partir do recuo da caixilharia, que dão origem a um grande beiral e terraço.

Nas aberturas de todo o edifício, molduras inclinadas criam ritmo e maior profundidade a fachada, com acabamento em mármore nos primeiros pavimentos e zinco nos demais. Seus ângulos maximizam a proteção solar direta enquanto direcionam as vistas.

Na base maciça estão os espaços comerciais – uma agência bancária no pavimento térreo de pé direito duplo e com mezanino, e no terraço com acesso independente, um restaurante e bar. Entre cada uma das seções superiores são criados espaços compartilhados cujos programas variam de acordo com seu acesso público. Do terceiro ao sexto piso, de planta livre com núcleo de circulação vertical central, são destinados a escritórios.

Com área recuada e considerável beiral em balanço que propicia área sombreada durante o dia, além de floreiras perimetrais, o sétimo pavimento localiza área de estar de uso comum aos moradores dos lofts do oitavo ao décimo nono pavimento. No vigésimo piso, outro terraço de dimensão inferior e com vista desobstruída acima dos edifícios adjacentes concentra uma área de estar aos moradores dos apartamentos do vigésimo primeiro ao trigésimo sétimo pavimento.