CENPES

A concepção do projeto em estrutura modulada em concreto facilita a expansão das radiais. A cobertura em vigas-calha de concreto protendido foram moldadas no local da obra em virtude de suas proporções. Elas se prolongam em balanço pela fachada para formar o beiral. Antes do projeto construído foram apresentadas duas outras soluções de caráter arrojados para a época.

HOTEL TROPICAL DE MANAUS / PRIMEIRA VERSÃO

Chamado de “a grande experiência” por Sergio Bernardes, o hotel de 400 quartos é uma calota hemisférica com 300 metros de diâmetro revestida por duas camadas de vidro, uma logo abaixo da outra. Implantado no centro da circunferência, um edifício cilíndrico com 26,20m de diâmetro e suspenso do chão por uma torre de circulação vertical de 7,50m de diâmetro recebe oito elevadores panorâmicos. Todos os quartos possuem vista privilegiada.

De acordo com Bernardes, as correntes de convecção resultantes do aquecimento do ar dentro da cúpula, aliadas ao efeito “turbo-venturi” provocado pelos ventos externos advindos da proximidade do Rio Negro através das copas das árvores, reduziriam a temperatura do ambiente em 7°C e a umidade em 30%, criando dessa forma um microclima ideal aos hóspedes, protegendo-os das ameaças da natureza selvagem e do clima quente e úmido da região, sem o isolamento da floresta.

“O cálculo da cúpula transparente, cuja rigidez só seria alcançada por uma estrutura metálica e por vidros especiais, foi feita pelo engenheiro Jaime Mason, na época, assistente do Engenheiro Paulo Fragoso, que precisou desenvolver teorias apropriadas, porque na época não havia soluções para tais problemas.”

RIO DO FUTURO

Projeto publicado em 1965 em número especial da Revista Manchete – na época, a revista de maior circulação no pais –  trouxe propostas de Sergio Bernardes para o planejamento urbano do Rio de Janeiro. O projeto abordava temas como: política, geopolítica, economia, educação, turismo, ciência e tecnologia em questões relativas ao transporte, habitação, integração urbana, equipamentos culturais e esportivos. “Este plano é uma síntese sucessiva de etapas futuras, partindo de uma análise de hoje”. Nas palavras de Bernardes, “é tarefa do arquiteto traduzir, no espaço e no tempo, o equilíbrio buscado, sem o qual a evolução é massacre de indivíduos, esmagamento da humanidade, degradação e destruição da natureza pelo sacrifício do universal aos interesses particulares.”

O plano do Rio é uma proposta que parte da análise dos problemas existentes. Desde o transporte coletivo até a estrutura socioeconômica em desenvolvimento, e apela para técnicas de construção já comprovadas desde a década de 1960. Sergio Bernardes dizia que a prospectiva visava reduzir ao mínimo os erros do futuro, estabelecendo ao máximo a consciência da margem do imprevisível e completava: “utopia seria pensar que tal plano será realizado amanhã ou daqui a um século. Realismo é saber que pode ser feito.”

A proposta estabelece, assim, critérios de prioridades na execução de partes de um projeto urbanístico global com orientação do espaço da cidade através de células comunitárias orgânicas, crescimento vertical por bairros verticais, aproveitamento das vias férreas atuais – high-lines, ponte turística ligando Barra da Tijuca a Niterói e via turística através das montanhas do Rio.

PAVILHÃO DE SÃO CRISTÓVÃO

Projeto de 1957-60 que, lamentavelmente, não existe mais conforme idealizado. A área oferecida para o construção era a de uma praça no largo de São Cristóvão, que na concepção do projeto foi mantida intocável na sua forma original –  o contorno da praça tinha uma forma elíptica -, preservando, dessa forma, arruamentos e arborização existentes. Foi originalmente projetado para abrigar exposições nacionais e internacionais, feiras e eventos culturais. A cobertura de 250 x 150m foi considerada bastante arrojada para a época. A grande viga de concreto armado, de planta elíptica, servia de ancoramento para os cabos de aço que sustentavam a cobertura. O movimento desse anel de altura variável, de 2 a 32m, moldava essa cobertura na forma de um paraboloide-hiperboloide, resultando em um espaço interno de 30.000m².

Ver também:

SOMBRA JUNIOR, Fausto Barreira. Três Pavilhões de Sérgio Bernardes: Volta Redonda, Bruxelas e São Cristóvão. Contribuição à vanguarda arquitetônica moderna brasileira em meados do século 20. 2020. 340 f. Tese (Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2020.