Tivemos como desafio unir três construções existentes de características arquitetônicas distintas com o objetivo de abrigar o Museu de Arte do Rio, a Escola do Olhar, além de espaços para cultura e lazer. O Palacete Dom João, o prédio da Polícia e a antiga rodoviária do Rio, conectados, deverão fazer parte da grande intervenção na região central e antiga da cidade. Para cada construção analisamos diferentes níveis de tombamento e preservação.
O primeiro passo foi estabelecer um sistema de fluxo de modo que Museu e a Escola funcionem de forma integrada e eficiente. Assim, propomos a criação de uma praça suspensa na cobertura do prédio da Polícia, que reunirá todos os acessos, assim como abrigará o Bar e uma área para eventos culturais e de lazer. Desta forma, a visitação será feita de cima para baixo.
Foi estabelecido que o Palacete, em função de seus grandes pés-direitos e da planta livre de estrutura, deverá abrigar as salas de exposição do Museu. O prédio da Policia será utilizado para a Escola do Olhar, auditório, salas de exposição multimídia e para as áreas de administração e funcionários do complexo. Os pilotis, hoje utilizados como acesso para a rodoviária, se transformarão em um grande foyer de todo o empreendimento, comportando também áreas de exposição de esculturas. O acesso controlado se dará entre as duas construções, caracterizando este vazio como espaço interno aberto e coberto. A marquise da Rodoviária, elemento tombado pelo patrimônio da Cidade, será utilizada para banheiros, loja e região de carga, descarga e depósitos. A Ligação e a circulação de visitantes entre os dois prédios, sob a forma de uma passarela suspensa pertencerá a esta nova construção, caracterizando a condição mais insólita possível.
Para o prédio da Policia, propomos a supressão do último pavimento para equilibrarmos a altura dos dois prédios e também a substituição das alvenarias de fechamento das fachadas por perfis de vidro translucido, tornando visível o sistema estrutural de colunas recuadas e revelando os pilotis, que hoje comporta diversas construções.
Finalmente, como marca do projeto, propomos que a cobertura da praça suspensa tenha uma forma abstrata e etérea. Uma estrutura fluida, extremamente leve, simulando a ondulação da superfície da água. Uma arquitetura de caráter poético e carregada de significado, simples e ao mesmo tempo moderna na questão de cálculo estrutural. Esse elemento será visto tanto de perto quanto de bem longe, tanto de baixo, para quem está chegando à Praça Mauá, quanto de cima, para quem está no Morro da Conceição.